Vereadores celebram luta socioambiental

 

 

Foi com pouco mais de uma hora de atraso que começou a Sessão Solene de ontem (1º), na Câmara Municipal de Fortaleza (CMF). Às 16h02, no Plenário lotado, o evento foi aberto pelo presidente da Casa, vereador Salmito Filho. Personalidades da sociedade local seriam agraciados com a Medalha Ambientalista Chico Mendes, por sua luta exemplar em defesa do meio ambiente e da justiça social.

“Estamos celebrando a resistência” – resumiu o vereador João Alfredo, arrancando aplausos da plateia. Com esta frase, o vereador finalizou uma crítica aos desvarios ambientais dos quais o Brasil é protagonista, como o uso abusivo de agrotóxicos que levou o País ao primeiro lugar mundial no ranking de consumidores desses venenos. A homenagem aos protagonistas locais da luta socioambiental soava, portanto, como um sopro de esperança para um futuro mais evoluído.

A Medalha Chico Mendes é concedida pela Câmara a instituições públicas e privadas e personalidades que se destacaram com trabalhos socioambientais. Este ano, numa “escolha livre de qualquer interferência partidária, política ou ideológica”, segundo Salmito Filho, foram sete os homenageados: o Secretário Municipal do Meio Ambiente, Deodato Ramalho; SOS Cocó; Núcleo Tramas (Trabalho, Meio Ambiente e Saúde para a Sustentabilidade); Professor Jeovah Meireles; Fórum Lixo & Cidadania; Movimento Proparque Rio Branco e Movimento Proparque Raquel de Queiroz.

“ BÁLSAMO CARINHOSO” 


Para a coordenadora do Núcleo Tramas da Universidade Federal do Ceará, professora Raquel Rigotto, a medalha é como “um bálsamo carinhoso, delicado, de reconhecimento e de abrigo”. Rigotto exaltou a prática de uma ciência humanitária, sustentável, harmônica: “Estamos numa universidade pública tentando construir com colegas uma ciência que não esteja a serviço do capital, que não viabilize a ampliação da exploração da natureza e dos trabalhadores. Nosso desejo é construir uma ciência que reaprenda a ouvir com profundo respeito os saberes construídos por povos indígenas, afrodescendentes e comunidades tradicionais e saiba pedir ajuda a outros campos de saber. Que reconheça a ancestral interdependência entre todos os seres vivos e a natureza. O reconhecimento de vocês é um poderoso estímulo para que a gente não fraqueje” – clamou.

Deodato Ramalho, por sua vez, tratou de exaltar os trabalhos da Secretaria do Meio Ambiente em meio a turbulências: “Tenho certeza de que o critério para a escolha dos homenageados com a Medalha foi o do trabalho, do compromisso com as questões ambientais. Apesar de todas as dificuldades, de tudo o que ainda temos a fazer, estamos fazendo um trabalho hércule (sic) para reconquistar o controle urbano da cidade” – ponderou.

Já Aguinaldo Aguiar, do Movimento Pró Parque Raquel de Queiroz, foi na contramão do secretário: “Poderíamos estar muito mais avançados na preservação do meio ambiente, pouco se andou. Era possível, sim, nessa gestão atual, termos avançado muito mais. As áreas verdes, em toda a parte da cidade, sofrem com a especulação imobiliária.

É preciso que o poder público aja imediatamente. A cidade já não aguenta mais a pressão”, protesta Aguiar. Seu coro foi endossado pelo eloquente João Saraiva, representante do SOS Cocó, que não poupou críticas à situação socioambiental da Fortaleza de hoje. A omissão pública foi atacada por episódios como uma possível construção do estaleiro, a instalação de polo atacadista em área de fundo de vale, na região do aeroporto, e a invasão imobiliária do Parque do Cocó.

A entrega da Medalha iniciou as atividades da Câmara em alusão ao Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho – a série de eventos que começou naquela Sessão estende-se até o próximo dia 20.
 

 Fonte: Jornal O Estado